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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

DN - UM ERRO CRASSO - 27 DE JANEIRO DE 2015


UM ERRO CRASSO

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Não tenho nenhuma admiração, ou sequer respeito, pelo Dr. Mário Soares. Não acho que a democracia lhe deva grande coisa, embora desconfie que o Dr. Mário Soares deva imenso à democracia. O Dr. Mário Soares é o produto de uma elite paroquial, convencida sabe-se lá porquê de que nasceu para apascentar o povo. Raramente notei no Dr. Mário Soares um vislumbre de sensatez ou sabedoria, virtudes que a manha e a arrogância não substituem. O protagonismo que o Dr. Mário Soares assumiu no regime é um sintoma do respectivo - e relativo - falhanço: aquilo que convém estimar e preservar no país de hoje existe apesar do Dr. Mário Soares e não graças a ele. O Dr. Mário Soares, em suma, envergonha-me um bocadinho.
Estas considerações ajudam-me a lidar despreocupadamente com as sucessivas atoardas do homem. Quando, há semanas, o homem completou 90 anos, não faltaram por aí comentadores empenhados em despejar-lhe louvores em cima. Dias volvidos, os mesmos comentadores regressam, pesarosos, com o "mas" que nesta matéria arrastam desde o Paleolítico: o Dr. Mário Soares é um venerável portento, mas - um "mas" choroso e magoado - espalhou-se ao comprido ao chamar "salazarista convicto" a Cavaco Silva, uma alucinação tão descabelada que atrapalhou os mais fiéis.
A verdade é que para o Dr. Mário Soares se espalhar ao comprido basta-lhe abrir a boca. Excepto talvez pelo ocasional "Bom dia!" ou "Boa tarde!", não me lembro que dali saíssem muitas frases com fundamento ou sentido. Aliás, o disparate sobre Cavaco Silva surgiu no intervalo de recorrentes visitas a Évora, onde costuma elevar José Sócrates ao estatuto de "preso político". Quase em simultâneo, desejou a vitória dos populistas do Syriza nas eleições gregas. Pouco antes, mostrara-se em cuidados com o destino do banqueiro que, além dos contribuintes, lhe patrocinava a fundação. Se continuarmos a recuar na cronologia, houve as declarações na morte de Eusébio, a sugestão para as massas deporem o governo através da violência, os elogios aos tiranetes da América Latina, a recomendação ao diálogo com a Al-Qaeda e as enormidades que calharam, sempre orientadas pela natureza democrática que define o Dr. Mário Soares. A "energia" que lhe admiram na vetusta idade tem um nome: ressentimento, o ressentimento a tudo o que se assemelhe ao Ocidente civilizado em cuja História imaginou, com típica noção da realidade, ficar.
Não ficou. Do alto de uma carreira de facto esgotada na oposição estratégica ao PREC, fora a inépcia governativa e o rancor que ensaiou na presidência, o Dr. Mário Soares perdurará na história com minúscula que os portugueses escrevem há muito, cheia de gralhas e erros crassos. Ele é apenas um dos maiores.
Quinta-feira, 22 de Janeiro


A caminho da harmonia
Agora que as coisas voltaram ao normal e, após os dias em que cada um se jurava "Charlie", o véu do respeitinho voltou a cobrir a Europa e a censurar qualquer eventual ofensa ao islão, há que definir critérios. Já sabíamos que rabiscar imagens do Profeta ofende os respectivos crentes e paga-se com a vida. Se não sabíamos, ficámos a saber pela crónica de Ferreira Fernandes que homenagens às vítimas do terrorismo constituem provocação escusada (o Museu Hergé, na Bélgica, anulou uma) e que peças teatrais acerca dos interessantes costumes prescritos por Alá são uma licenciosidade inaceitável (uma companhia parisiense cancelou a sua, alusiva à lapidação de adúlteras).
Como se vê, estamos empenhados em obedecer. Resta a questão: a quê? É que as restrições nem se resumem ao óbvio nem, ao contrário do que alguns pensam, se encontram devidamente enumeradas no Corão. Veja-se por exemplo os bonecos de neve, recentemente proibidos na Arábia Saudita por, cito, promoverem a luxúria e o erotismo. Ao olho destreinado do infiel, a essencial passividade dum monte de gelo com chapéu não o torna propício a promover nada. Ao olho islâmico, porém, a devassidão daquilo não escapa. Até quando os europeus continuarão a cometer tamanho ultraje às comunidades muçulmanas no continente? Até ao abusador que coloca a cenoura no lugar do nariz (ou em sítio pior) tombar fuzilado no acto por bulir com a fé alheia, um desenlace evitável desde que os muçulmanos explicitem tudo o que os incomoda.
Só para precaver chatices, e não acabarmos todos mortos, sugiro a publicação de um catálogo oficial com os interditos a que, em nome do compromisso ecuménico, os europeus devem cumprir. A obra, de actualização periódica, faria o inventário das blasfémias (cartoons, pornografia, corpos femininos, cães, álcool, entrecosto, bonecos de neve, máquinas de barbear, sorvetes de limão e um longo etc.) em vigor. Esclarecidos acerca do comportamento a adoptar, cristãos, judeus, jeovás, ovnilogistas, tarólogos e ateus aprenderiam a portar-se em condições e viveriam em harmonia com os irmãos islâmicos, a cantar e a dançar - se estas não fossem actividades punidas por certas, e certamente respeitáveis, correntes do islamismo. Correntes, aliás, é o termo. Adivinhem quem se deixou prender?

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Transcrição de OPINIÃO - 
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por ANTÓNIO FONSECA

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