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segunda-feira, 4 de julho de 2016

EXPRESSO - 4 DE JULHO DE 2016

Expresso Curto (expresso@news.impresa.pt)
09:13
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Para: antoniofonseca1940@hotmail.com


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Expresso
Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Pedro Candeias
Por Pedro Candeias
Coordenador
 
4 de Julho de 2016
 
Sanção e Dali
 
Gosto de Ernest Hemingway, Raymond Carver, Jack Kerouac, Jonathan Franzen, Lydia Davis, David Foster Wallace e por esta altura já percebeu que sou mais pelo realismo do que por outra coisa qualquer. Uma das lições de Wallace, que foi tenista e escreveu sobre tenistas, é a de que devemos ter sempre um dicionário sólido de sinónimos à mão, porque a escolha da palavra certa no lugar certo transforma a experiência de quem lê. Foi o que fiz para o título deste Curto, porque achei que podia encontrar palavra melhor para surreal do que a palavra surreal:
  1. Que apresenta características próprias do surrealismo
  2. Que causa ou denota estranheza, não pertencendo à esfera do real.
  3. Aquilo que está para além do real.
  4. Absurdo, bizarro, estranho.
Não há palavra melhor para surreal do que surreal para definir esta história das sanções europeias a Portugal e a Espanha. É um desafio constante à lógica, que está para além do real, absurdo, bizarro e estranho. Como o surrealismo de Dali.

Vamos lá ver se percebi bem: a Europa, perdão, a União Europeia, perdão, a União Europeia que manda, pensa sancionar Portugal e Espanha por não cumprirem a meta do défice de 3%. Ora a União-Europeia-que-manda disse que dava até amanhã para portugueses e espanhóis apresentarem medidas e reformas que se adequem ao que está estipulado, mas ontem, 3 de julho, fez saber através da Reuters que esse prazo seria alargado por três semanas - até 27 de julho. Este adiamento ainda não foi confirmado oficialmente, mas uma das medidas, caso Portugal e Espanha não se corrijam, é o "congelamento de parte dos Fundos Estruturais no próximo ano" que "só poderá ser evitado com garantias do Executivo de António Costa", escreveu a Susana Frexes aqui.

Valdis Dombrovskis, o comissário europeu responsável pelo Euro e pelo diálogo social, numa entrevista ao "Der Spiegel", já fizera saber que havia uma linha dura na UE pouco disposta a aliviar as regras - Jeroen Dijsselbloem, o presidente do Eurogrupo, e Wolfang Schabule, ministro das Finanças alemão, também fazem parte dos polícias-maus.Já Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, e Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, são os polícias bons e defendem que é preciso dar folga a portugueses e espanhóis. Das duas uma: ou ninguém se entende na União-Europeia-que-manda ou então estão todos a interpretar o papel que lhes convém.

É um pouco o que se passa aqui. Passos Coelho e António Costa começaram por estar do mesmo lado contra Dombrovskis e companhia lá fora, mas cá dentro andam desavindos desde que Maria Luís Albuquerque disse que com ela ao leme nada disto teria acontecido. Agora, fazem-se contas ao calendário: então mas a UE quer sancionar pelo que aconteceu em 2015 ou pelo que está a acontecer em 2016? É que faz toda a diferença para quem quer acusar quem. Para o português, o jogo do passa-culpa é irrelevante, tal como o é o discurso patriotismo de esquerda ou do pin na lapela.

Mas no meio desta barafunda mediática e política, Marcelo Rebelo de Sousa defende uns e outros, garante que Portugal não tem de ser sancionado por nada, que as "congeminações" da UE são descabidas, que não é assim que se constrói a Europa.

Marcelo não deixa de ter razão. Se pararmos um bocadinho para pensar, que sentido faz apertar com Portugal ou com Espanha num contexto em que a Inglaterra optou pelo Brexit com as consequências que se adivinham, em que os movimentos xenófobos e radicalismos de direita cavalgam nas sondagens, em que há refugiados para alocar? E o Deutsche Bank? E porque é que a França pode falhar e os outros não? "Porque é a França e eu conheço bem a França e não se pode aplicar o Pacto de Estabilidade de uma forma cega", como diz Juncker neste vídeo.

Que os outros sejam cegos, surdos e mudos.
 

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OUTRAS NOTÍCIAS
O mundo é um lugar absurdo, bizarro, estranho, surreal e injusto, em que a vida e a morte se decide muitas vezes pelo sítio onde se nasceu. Em Bagdad morre-se, morrem muitos e continuarão a morrer muitos mais enquanto não se travar o Daesh: mais de 130 pessoas perderam a vida quando uma carrinha armadilhada explodiu perto de uma geladaria. A maior parte das vítimas eram crianças que celebravam o final do Ramadão. Neste artigo do Washington Post fala-se no pior atentado do autodenominado Estado Islâmico à capital iraquiana. E fala-se do cheiro a morte.

A morte também levou Michael Cimino, realizador de "O Caçador", aquele da cena da roleta russa entre Robert de Niro e Christopher Walken. E Michel Rocard , antigo primeiro ministro francês (1988 a 1991), ainda que ter sido PM foi apenas um dado numa carreira política incrível. E Camilo Oliveira, o comediante popular que fez Teatro de Revista e sobretudo televisão.

Foi pela televisão que vimos ontem o fim da história mais entusiasmante do Euro 2016. A Islândia perdeu por 2-5 com a França nos quartos de final e foi eliminada da competição num jogo em que entrou praticamente a perder. Os islandeses são a prova de que a organização e a vontade podem esconder a falta de talento - até determinado ponto. A França enfrenta agora a Alemanha para tentar chegar à final; Portugal e País de Gales discutem o acesso ao jogo do título na quarta-feira.

E é também pelas televisões americanas, como a CNN, que estamos a seguir o último capítulo da saga Hillary Clinton vs. FBI. Em causa está o uso da conta de e-mail pessoal para assuntos de Estado. A protocandidata à presidência dos EUA foi ouvida durante três horas e meia pelas autoridades. Obviamente, Donald Trump está à espreita.

Nos jornais,
O Público faz manchete com a operação de charme de António Costa para tentar evitar as sanções através de uma carta Juncker e contabiliza o número de quadros de Paula Rego apreendidos pela PJ ao diretor do Museu da Presidência. Um deles, um retrato de Jorge Sampaio, "estava na casa de Diogo Gaspar".
O Diário de Notícias abre com um artigo de opinião de Passos Coelho: "O Governo não virou a página da austeridade virou a da credibilidade." E na primeira página traz outras frases do antigo PM: "Governo afunda-se entre os sonhos que vendeu e os resultados que oferece"; "Sem a política do BCE, Portugal já não se podia financiar nos mercados"; "Banif foi tratado da pior maneira, agora especula-se sobre Caixa e Novo Banco". Um rodízio para António Costa.

No JN o destaque é para esta notícia: "Famílias falidas sem direito a apoios sociais". Diz o Jornal de Notícias que a Segurança Social contabiliza "rendimento declarado ao Fisco e ignora receita real, que só garante subsistência mínima"

No Jornal de Negócios há uma entrevista a Maurice Obstfeld, economista-chefe do FMI: "Malparado de Portugal e Itália é preocupante."

FRASES
"António Costa nunca comprará uma guerra com Bruxelas. É uma originalidade, é a Comissão Europeia a dar um passo atrás para depois dar dois passos em frente" Marques Mendes acerta o passo a Bruxelas e a António Costa, na SIC

"Estes quatro anos e meio foram fantásticos. Sinto-me emocionado, tocado, adorei todos os minutos aqui no Europeu. Bom, talvez não tenha gostado destes primeiros 45 minutos" Lars Lagerbäck, treinador sueco da Islândia, após a derrota contra a
França

"Ele disse numa entrevista que eu estava num ponto cego e que por isso é que não me viu. Ok..." Nico Rosberg sobre o amigo-que-deixou-de-ser-amigo-para-ser-rival Lewis Hamilton. Rosberg e Hamilton são colegas de equipa e ontem protagonizaram um acidente no GP da Áustria (Fórmula 1) quando o segundo abalroou o primeiro e ganhou a corrida. O diretor da equipa disse que foi um incidente "desmiolado"

O QUE ANDO A LER
Desde que vi o "Padrinho" pela primeira vez fiquei agarrado ao imaginário da Máfia e da ommertá, e daquele mundo surreal (voltamos ao princípio deste Curto) em que matar e roubar e chantagear é aceitável segundo algumas regras. E essas regras estão neste livro fácil de ler chamado "Cosa Nostra", de Eric Frattini, que conta como o crime organizado italiano cruzou o Atlântico e se fixou nos EUA. O "Cosa Nostra" começa em 11 de novembro de 1895, quando Guiseppe Battista Balsamo desembarcou em Ellis Islands e se transformou no primeiro grande "Padrinho da Máfia no Novo Mundo", passa por Al Capone e por toda uma série de gangsters violentos com nomes como Two Knives ou Lupo Sietta, que podiam ter saído de um filme qualquer do Scorcese. Mas que existiram. Frattini mergulhou em fontes primárias, entrevistou agentes especiais do FBI, teve acesso a fontes para escrever esta obra curta e leve e simples.

E fico-me por aqui. Como já estou relativamente atrasado, deixo-lhe as duas dicas do costume (passe os olhos pelo Expresso e pelo Expresso Diário, às 18h) mas vá também atualizando o seu bê-á-bá futebolístico no site especial do Europeu que temos para si. A gerência agradece.

Tenha um bom dia.
 
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