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terça-feira, 19 de maio de 2015

OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 19 DE MAIO DE 2015

Macroscópio – 365 dias depois, um ano com muito que contar. E o que mais se verá‏

Macroscópio – 365 dias depois, um ano com muito que contar. E o que mais se verá

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com
 


Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

 

Um ano são 365 dias. Na história do Observador, este primeiro ano foram também perto de 28 mil artigos. Isso mesmo. Muitos foram notícias rápidas e curtas, mas desde o primeiro dia que publicamos trabalhos Especiais, elaboramos Explicadores, produzimos programas em vídeo, damos espaço a opiniões e ensaios, damos sugestões para viver melhor a vida. E fazemos as nossas newsletters.
 
Como eu e o David Dinis explicamos em Um ano. Tanto tempo, se ainda foi ontem?, “Evoluímos passo a passo, conforme íamos sendo surpreendidos pela adesão crescente ao projeto”, de tal forma que “Um ano depois, podemos dizer que somos o mesmo Observador, mas já somos um outro Observador.” E vai continuar a haver mais Observador, mais diversificado e sempre mais inovador: “Podem, pois, contar connosco. Com a firmeza dos nossos acionistas, com o entusiasmo desta maravilhosa equipa, com o nosso olhar crítico, cada vez mais escrutinador. E com a nossa habitual preocupação de informar com rigor e independência e, ao mesmo tempo, explicar e ajudar a pensar.”
 
Por isso hoje foi aqui, neste nosso recanto do Bairro Alto lisboeta – o bairro que já foi a morada de quase todos os grandes jornais da capital – que hoje vivemos um dia de festa, uma festa que quisemos que também fosse dos nossos leitores - e por isso até tivemos as redacção aberta quem nos quisesse visitar.

No site fizemo-lo de formas diferentes – recordando, por exemplo,as principais notícias destes 365 dias, e não foram poucas, ou indo conhecer como foi a vida de doze pessoas muito diferentes neste último ano, incluindo uma que nasceu no mesmo dia do Observador. Ao mesmo tempo, fizemo-lo com a preocupação do jornalismo que acrescenta valor.
 
Logo de manhã inaugurámos, com Marinho e Pinto, uma série de entrevistas que David Dinis já fez ou tem agendadas com os líderes dos partidos que já estão no Parlamento e dos que aspiram a lá chegar: Rui Tavares, do Livre - Tempo de Avançar; Joana Amaral Dias, do PTP/Agir; Catarina Martins, do Bloco; Jerónimo de Sousa do PCP; António Costa do PS; e Pedro Passos Coelho, do PSD. Só Paulo Portas não aceitou ser entrevistado desta vez, mas o CDS ficou bem representado na entrevista de Assunção Cristas a Maria João Avilez, que publicámos ontem. Pequenas citações das duas entrevistas já publicadas:
  • Assunção Cristas, em "Estou ao serviço do CDS para o que for preciso"“A verdade é que [o Governo] conseguiu aquilo que, na altura, todos achavam impossível e com a oposição sempre a duvidar nas alturas mais críticas: [primeiro] era porque vinha aí o segundo resgate. Mas afinal já não era o segundo resgate, já era programa cautelar. E depois, já não foi programa cautelar. O que é que foi, então?”, disse, antes de defender que a ambição da coligação é vencer as eleições, e estas “não se ganham as eleições com o passado. Só se ganham as eleições com o futuro”. Por isso quer “um programa eleitoral ‘suficiente ambicioso que possa ‘oferecer um horizonte de esperança e de melhoria de vida das pessoas’”.
  • Marinho e Pinto esteve igual a ele próprio, defendendo, por exemplo, “um salário máximo nacional”. Isso seria feito através de taxas de IRS que poderiam chegar aos 80% ou mesmo 85% porque, sustenta, “Um dos objetivos políticos fundamentais de um partido republicano é eliminar as desigualdades em Portugal. E o que é escandaloso nem é tanto os baixos salários que se praticam. O que é obsceno em alguns casos são os altos salários com que as elites se remuneram a si próprias.”
 
Nos próximos dias o Observador continuará com esta série de entrevistas, mas há uma espécie de pequena prenda para os nossos leitores que lhes oferecemos já hoje: Vítor Gaspar, o antigo ministro das Finanças, volta a escrever sobre desigualdades. Ou melhor, sobre “os males da desigualdade”. O tema da igualdade e desigualdade tem estado muito presente no Observador, até porque demos muita atenção a toda a emoção e controvérsia em torno da obra do francês Thomas Piketty. O primeiro que texto que publicámos sobre a sua obra, “O Capital no Século XXI”, foi precisamente uma recensão crítica do próprio Vítor Gaspar.  É ele que regressou hoje ao convívio dos leitores do Observador, de novo para escrever sobre livros acabados de sair, de novo para escrever sobre igualdade e desigualdade. Antes de falar dessas duas obras que estão, também elas, a chamar a atenção dos especialistas de todo o mundo (Martin Wolf do Financial Times também já escreveu sobre uma delas), Gaspar diz-nos porque acha que o tema da desigualdade é importante (e deixo este extracto só para vos abrir o apetite para o resto:
Em primeiro lugar, a desigualdade na distribuição de rendimento, riqueza, oportunidades e capacidades é relevante para a avaliação da justiça social. É, assim, importante em si mesma. Em segundo lugar, a desigualdade é importante para o funcionamento da própria sociedade. Numa sociedade aberta a desigualdade não pode exceder os limites a partir dos quais a elite ganha capacidade para impedir uma efetiva participação por parte da maioria da população. Em sociedades caraterizadas por tais fenómenos de exclusão são violadas não só condições mínimas para o exercício de participação política mas também condições necessárias de progresso e prosperidade. Finalmente, sociedades desiguais tendem a ser sociedades fragilizadas por conflitos sociais abertos ou latentes. A justiça distributiva aparece como condição para a coesão social.
 
Desculpem os leitores do Macroscópio ter ocupado o dia de hoje todos estes parágrafos a falar do aniversário do Observador, mas era inevitável. Mas como quero permanecer fiel à imagem de marca desta newsletter, vou prosseguir com mais algumas sugestões, organizadas um pouco ao acaso mas sem deixarem de ser relevantes - e interessantes.
 


Começo pelo El Pais e pela sua secção de Ciência. O jornal foi falar com Seth Shostak, director do SETI - Search for Extraterrestrial Intelligence, um instituto que contou entre os seus fundadores Carl Sagan, e este não esteve com meias medidas: “Pensar que estamos solos en el universo es como creer en milagros”. Pequena passagem da reportagem: “De repente, en los primeros meses de 2015, el debate sobre extraterrestres se ha vuelto muy serio. Shostak aclara que actualmente no están emitiendo señales, pero dice que hay quien quiere hacerlo en su equipo. Cree que “es más útil escuchar”, pero si se hiciera, propone emitir toda la información de los servidores de Google. Suele comparar su exploración con la de Cristóbal Colón: “Es como decirle a Colón: ‘mejor no vayas hacia el oeste porque puedes encontrarte con una civilización hostil que venga a Europa y la destruya”.”
 
Ian Buruma, um pensador que aprecio, escreveu para o Project Syndicate um texto bem interessante – The End of 1945 – no qual discute a forma como o mundo que saiu da II Guerra Mundial, e de certa forma acabou em 1989 com a queda do Muro de Berlim, está hoje a enfrentar os dilemas da falta de referências, até ideológicas. Eis um dos seus pontos: “But the 1945 consensus was dealt a much greater blow precisely when we all rejoiced at the collapse of the Soviet Empire, the other great twentieth-century tyranny. In 1989, it looked as if the dark legacy of World War II, the enslavement of Eastern Europe, was finally over. And in many ways, it was. But much else collapsed with the Soviet model. Social democracy lost its raison d’être as an antidote to Communism. All forms of leftist ideology – indeed, everything that smacked of collective idealism – came to be viewed as misguided utopianism that could lead only to the Gulag.”

A minha próxima sugestão é uma entrevista do El Mundo com alguém que é sempre muito polémico: Ayaan Hirsi Ali, a activista que nasceu na Somália mas rompeu com o Islão para evitar um casamento forçado. O título é, em si mesmo, um desafio: 'La violencia forma parte del islam y ningún musulmán puede rechazarlo'. Eis algumas das coisas que disse nessa entrevista:
  • 'La gente que defiende el islam en nombre de la tolerancia está, en realidad, en la ultraderecha'
  • 'Lo que propongo es aplicar la Ilustración al islam... eso es lo que yo quiero: una religión que esté separada de la política'
  • 'El petróleo ha dado a Arabia Saudí y a los países del Golfo el dinero para poder desestabilizar todo el mundo'
  • 'Judíos y cristianos han reexaminado sus textos sagrados. El islam no. No se puede repudiar partes del Corán'



Termino com uma sugestão mais leve, ou mais pesada, ou até mais controversa, dependerá da perspetiva dos meus leitores. É uma peça do Politico que nos conta como, em Bruxelas, há quem se movimente para proibir o foie gras em nome dos direitos dos animais - Au revoir, foie gras? O tema não podia ser mais quente, já que os franceses consideram a iguaria parte do seu “património gastronómico” e os seus adversários invocam o sofrimento infligido às aves para engordar artificialmente os seus fígados. Dizem os de um lado: ““The production of foie gras inflicts immense suffering on ducks and geese,” the letter said. “The scientific consensus is absolutely clear on this — it’s impossible to produce foie gras humanely.”” Respondem os do outro lado : o foie gras será “the inescapable ambassador of our culinary excellence on our continent” e “we are not going to be as stupid as those who like to offend their most treasured cultural heritage.
Descansem porém os apreciadores portugueses: a proibição de que falamos apenas abrange, para já, os restaurantes e cafés do Parlamento Europeu…
 
E por aqui me fico por hoje. Vou juntar-me à equipa que, aqui na nossa varanda com vista para o Conservatório e o Tejo ao fundo, já estão a partilhar outras iguarias, mais modestas é certo, mas também mais portuguesas.
 
Tenham bom descanso e façam boas leituras.
 
 

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ANTÓNIO FONSECA


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